Plano De Parto: Como escolher?
MATERNIDADE
As grávidas querem estar mais informadas e pretende-se com isso que a parentalidade seja cuidadora e envolvida tal como refere a Direção Geral da Saúde nas suas orientações. A Lei preconiza que os serviços de obstetrícia devem seguir as recomendações da Organização Mundial da Saúde promovendo uma experiência de parto positiva, e reconhece o direito das grávidas ao respeito pelas suas escolhas e preferências. Nos termos da Lei nº 15/2014 de 21 de Março, alterada pela Lei nº 110/2019 de 9 de Setembro, que introduziu um regime de proteção na pré concepção, na procriação medicamente assistida, na gravidez, no parto, no nascimento e no puerpério, o plano para o nascimento está também referenciado e portanto cada casal deverá refletir sobre ele e tentar perceber se isto faz sentido ou não sentido para si.
Esse ainda é um assunto para hospitais públicos, porém, é algo bastante comum para maternidades particulares no país. Portanto, se você ainda não sabe o que é um plano de parto e qual a sua importância, veja a seguir tudo que você precisa saber sobre esse importante assunto.
O que é plano de parto?
Pode ser chamado de carta, documento ou registro, o plano de parto é elaborado pelo obstetra em conjunto com a mulher grávida. Todavia, nesta carta é informado todas as preferências da gestante quanto ao processo do parto, incluindo os procedimentos médicos, cuidados com o recém-nascido e até o seu desejo de parto.
Trata-se de uma carta personalizável, onde os pais decidem juntos o que acreditam ser melhor para sua família. Sendo assim, esse registro existe por causa das diversas intervenções médicas que ocorrem nos partos hospitalares. Tais intervenções, embora devam ser feitas apenas quando necessárias, já se tornaram rotina na maioria dos hospitais do mundo. É por isso que atualmente, órgãos como a OMS recomendam a elaboração do plano de parto.
Esse registro elaborado pelos pais e obstetra deve ser entregue no hospital maternidade ou para a parteira, em caso de parto domiciliar. No entanto, para elaborar o plano de parto é fundamental que os pais saibam de todas as informações necessárias. Hoje em dia existem até mesmo cursos preparatórios para os pais que desejam aprender mais sobre os diferentes tipos de partos que existem, além de livros sobre o assunto.
Qual é a importância desse planejamento?
São muitas as violências obstétricas que podem ocorrer ao longo de um parto. Geralmente, essas violências são chamadas de intervenções médico-hospitalares, sendo que a maioria delas são desnecessárias.
Todavia, as intervenções em um parto tem como objetivo auxiliar quando há um determinado problema. No entanto, atualmente essas intervenções ocorrem rotineiramente e sem nenhuma necessidade, caracterizando-se como violência, pois muitas vezes não há nem mesmo o consentimento da mulher.
Dentre os principais tipos de intervenções que ocorrem, muitas vezes sem consentimento da mulher ou sem que ela tenha informações de que essas intervenções não são necessárias, estão:
Enema (lavagem intestinal antes do parto);
Tricotomia (raspagem dos pelos pubianos);
Impedimento da alimentação durante o trabalho de parto;
Soro com hormônios de indução como ocitocina;
Uso de medicamentos para aliviar a dor;
Anestesia;
Ruptura artificial da bolsa amniótica;
Episiotomia (corte no períneo);
Definir a posição para o bebê nascer;
Dequitação da placenta (retirada à força);
Separação da mãe e do bebê após o parto;
Banho no bebê, logo após o nascimento;
Injeções e vacinas sem consentimento;
Colírio nitrato de prata após o nascimento;
Aspiração gástrica e das vias aéreas.
Muitas dessas intervenções ocorrem todos os dias nos hospitais sem nenhuma necessidade. Ou seja, grande parte dos hospitais conduzem e induzem o parto, quando quem realmente deveria ter essa posição é a mulher que está parindo.
A falta de liberdade da mulher de escolher como deseja parir, em que posição, se deseja comer, se precisa de anestesia, se é ou não hora de empurrar, entre outras coisas, é o que justifica a importância de ter um plano de parto detalhado.
Quais são os tipos de parto?
Quando se fala em plano de parto, é muito comum associar ao tipo de parto ou pensar que para ter um plano de parto é preciso ter um parto na água, natural e sem intervenção médica alguma. Na verdade, o plano de parto pode ser feito por quem pretende ter parto natural em casa (na água, na cama ou onde a mulher preferir), natural no hospital (o chamado “normal”) ou ainda cesária.
Portanto, essa carta tem como objetivo apenas informar quais são as preferências da família, fazendo com que o parto seja mais humanizado e dentro das expectativas da mãe. Por isso, independente do tipo de parto escolhido, é direito da mãe não sofrer violência obstétrica e ter suas preferências respeitadas.
Como funciona o plano de parto?
O plano de parto funciona como um registro das preferências da mãe quanto ao processo do parto. Todavia, isso inclui desde a escolha de ter uma doula como acompanhante até a decisão de tomar anestesia, como já mencionamos.
É uma forma da mãe exigir que suas preferências sejam respeitadas, desde que existam comprovações científicas de que tais preferências causam benefícios, ao invés de malefícios para a mãe ou bebê.
Por isso, ao elaborar essa carta é fundamental que os pais a entreguem na maternidade ou hospital. Geralmente, o registro deve ser entregue no momento do parto para a equipe que acompanhará a gestante. No entanto, alguns hospitais arquivam o documento antes mesmo do início do parto, para que a equipe já esteja ciente das preferências da gestante.
Mesmo com o plano de parto, é importante que a mamãe e o papai saibam que a equipe médica conduzirá o parto da forma que for mais segura para a mãe e o bebê. Isso significa que o plano de parto pode não ser seguido por algum motivo, mas é dever do médico justificar porque as preferências da mãe não foram seguidas.
Como fazer um plano de parto?
Antes de elaborar o plano de parto, é muito importante que os pais entendam mais sobre o assunto e procurem informações sobre parto. É fundamental conhecer os tipos de parto, saber quais são as intervenções médicas, entender quando elas são necessárias e se posicionar de acordo com as preferências da gestante.
Por isso, o ideal é conversar com um profissional de saúde como o obstetra ou com uma doula. Existem muitos modelos prontos de plano de parto na internet, mas é importante que cada gestante personalize essa carta com suas próprias preferências.
A carta, que pode ser escrita pela gestante sem nenhum padrão em específico, deve informar as seguintes características sobre o parto:
Quais alimentos ou bebidas deseja ingerir;
Qual será o local do parto;
Condições que deseja para o ambiente, como iluminação, música e se haverá uma equipe de fotografia;
Quais são os acompanhantes que estarão presentes no parto;
Quais intervenções médicas deseja ou não, como enema, analgesia, administração de ocitocina, remoção dos pelos pubianos, episiotomia, dequitação da placenta, ruptura artificial da bolsa amniótica, entre outros;
Posição que prefere para expulsar o bebê;
O momento que deseja iniciar a amamentação (logo após o nascimento ou não);
Quem fará o corte do cordão umbilical;
Quais intervenções médicas poderão ser feitas no bebê, como aspiração das vias aéreas e gástricas, injeções e vacinas, administração de colírio de nitrato de prata, entre outras.
Após ter elaborado o documento, é necessário imprimi-lo e levá-lo na maternidade no dia do parto ou previamente, dependendo das regras do hospital.
Antes de estar grávida eu não sabia e nem tinha ouvido falar sobre o tal plano de parto. Eu sou muito de pesquisar e estudar sobre o assunto, quando é algo que nunca tive contato, como é o caso da maternidade. Nessas pesquisas achei o assunto do plano de parto e quero compartilhar com vocês o que é o plano de parto, a importância do documento, tipos de parto e muito mais.